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Introdução à sociologia do trabalho

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Descrição

Questionar os impactos que a estruturação do trabalho tem causado na sociedade deveria ser tarefa de todo cidadão. Contudo, na configuração social que temos hoje no Brasil, investigar as relações do sistema de produção com o nosso modo de vida não é algo sempre incentivado. Na contramão desses posicionamentos, para avançarmos como sociedade, precisamos discutir o mundo do trabalho e entender as relações humanas nesse contexto. Investigue aqui o estabelecimento do trabalho como um valor essencial para a plenitude do indivíduo e reflita sobre as implicações desse conceito na nossa sociedade.

Informação adicional

Peso 0,355 kg
Dimensões 1,5 × 14 × 21 cm
ISBN

9788522704521

Data de Publicação

20.04.2023

Número de Páginas

298

Encadernação

Brochura (paperback)

Idioma

Português

Edição

2

Formato

Autor

Editora

InterSaberes

Avaliações (1)

  1. Victor Luiz Giacomelli Schleder (comprador verificado)

    O livro está dividido em 6 capítulos, sendo eles “Sociologia e trabalho”; “Os clássicos da sociologia e sua relação com o trabalho”; “Sistemas e modos de produção”; “Trabalho no Brasil”; “Transformações e crise no mundo do trabalho” e “Trabalho, realização e lazer”. No início da obra, o autor aborda alguns conceitos de sociologia e a sua origem, os contextos na quais a mesma se estabeleceu e gradativamente nos introduz a sociologia do trabalho em si, antes abordando o trabalho como categoria sociológica e os temas da sociologia do trabalho (apenas citados), pois são muitos. Como o próprio Martins escreve na apresentação do livro, no capítulo 2 ele nos apresenta as contribuições de Marx, Durkheim e Weber, sucintamente as ideias dos principais pensadores da Escola de Frankfurt, bem como Hannah Arendt, Claus Offe, Wallerstein e, também, dos fundadores da escola francesa de sociologia do trabalho, como Georges Friedmann, Naville e Touraine. Ao longo do livro há citações de inúmeros intelectuais, e considero a bibliografia da obra extensa, o que é algo positivo. A escrita é agradável e organizada, sendo que o autor resume e aprofunda os temas de maneira acertada, a fim de atingir os principais objetivos gerais do livro.

    Quanto aos pontos positivos da obra:

    – o autor revela que “desvendar e compreender o homo faber [no sentido do impacto que o trabalho causa na sociedade] e a relação deste consigo, com seus próximos e com a sociedade é uma atividade hermenêutica que nem sempre é bem vista, sobretudo para o poder econômico hegemônico, pois o desnudar dessas relações importuna o funcionamento da economia e da sociedade como um todo […].” (p.12);
    – Cita Josué Pereira Silva, na qual escreve que “o estabelecimento do trabalho como um valor fundamental da vida está relacionado à firme crença de que todos os integrantes capazes de uma sociedade têm o objetivo de trabalhar e devem trabalhar, bem como deveriam gostar de trabalhar.” (p.12);
    – na p.77, o autor menciona uma precisa e talvez perfeita avaliação social que o sociólogo brasileiro Guerreiro Ramos fez sobre a racionalidade funcional: ” [devemos] estar consciente que um adiantado nível de desenvolvimento técnico e econômico pode equivaler a um baixo desenvolvimento ético e não aceitar a racionalidade funcional como padrão fundamental da vida humana”;
    – no capítulo 2, já citado anteriormente, Martins trata as ideias e pensamentos dos autores clássicos de forma imparcial e adequada, elevando, assim, a qualidade de sua escrita. Se posiciona sim, ao longo do livro, nos momentos oportunos e pertinentes;
    – na p.107, Martins pontua de forma acertada que “se deixado por si só e às forças do mercado, o capitalismo tende naturalmente à formação de oligopólios e monopólios, o que é contrário à própria premissa do sistema, ou seja, de um mercado com competição e concorrência, como preconizou Adam Smith”;
    – o autor inseriu na obra, de forma fragmentada em duas partes, o artigo completo que ele mesmo publicou em 2015, chamado ” Immanuel Wallerstein e o sistema-mundo: uma teoria ainda atual?”. Esse artigo aborda a teoria de Wallerstein presente em seu livro “O sistema mundial moderno, vol. I, II e III; a obra do autor citado trata, entre outros temas, da passagem do mundo feudalista para o mundo capitalista, suas implicações sociais, políticas, culturais, econômicas, etc., como também as implicações da teoria do sistema-mundo nos tempos hodiernos. Enfatizo que esse artigo de Martins é um dos pontos mais importantes e bem escritos do livro em termos de qualidade;
    – no capítulo 3, há seções tratando do cooperativismo e da economia solidária. Aborda-se os atores relacionados a origem do cooperativismo, seu período de surgimento e contextos sociais, surgimento no Brasil, seus princípios, tipos de cooperativas e até os desvios cometidos nesse tipo de modelo socioeconômico;
    – correta crítica realizada em relação a reforma trabalhista, que “atende prioritariamente a agenda do empresariado em detrimento dos trabalhadores” (p.167), citando como uma das mudanças mais prejudiciais o item da lei que concede a prevalência do acordo entre patrão e empregado sobre o legislado, também chamado de negociado sobre o legislado, e argumenta que “[…] sempre haverá alguém que aceitará condições inferiores de trabalho para garantir o sustento, o que leva os trabalhadores já contratados a se sujeitarem a praticamente qualquer condição para manter o emprego”;
    – posicionamento adequado e crítico contra a desenfreada flexibilização, desregulamentação e terceirização do trabalho;
    – há, ao longo do livro, citação de autores que fazem críticas contundentes ao capitalismo, como o já referido Wallerstein, mas também de Mészáros, Daniel Bell e o brasileiro Ricardo Antunes, entre outros. Ainda com relação ao capitalismo, o próprio autor escreve: ” […] o capitalismo implanta mundo afora os mesmos padrões de racionalidade de técnicas de produção, sistemas jurídico, político, econômico e social em nome do progresso, da produtividade e da competição global” (p.233).

    Pontos negativos:

    – na p.177, tratando sobre os sindicatos, está escrito de maneira equivocada, o seguinte: ” […] as duas primeiras [federações e confederações] têm um caráter ideológico de esquerda e a última [centrais sindicais] é uma central alinhada aos interesses dos patrões, chegando mesmo a se posicionar a favor da terceirização total do trabalho”. Na verdade, as centrais sindicais são predominantemente representativas dos trabalhadores, e não têm vinculações participativas diretas dos empregadores;
    – na p.209, o autor defende que na prática, os trabalhadores não têm liberdade, quando escreve ” […] se 70% estão descontentes e 80% querem mudar de trabalho, mas continuam trabalhando no mesmo local, significa que não se pode facilmente exercer sua liberdade devido às premências financeiras e às responsabilidades da casa, como alimentação, vestuário, transporte e contas […]. Tais obrigações fazem o trabalhador submeter-se a condições cada vez mais precárias de trabalho e, não obstante, tornar-se mais dócil, por medo de perder o emprego. A liberdade do trabalhador é, na verdade, um mito”. Pois eu defendo que há liberdade em toda ação humana, mesmo em situações como essa, onde muitas vezes a pressão da organização do trabalho é intensa e desgastante, muitas vezes até adoecedora. O problema é que quando consideramos que as pessoas não têm liberdade, tiramos a responsabilidade de nossos atos e posturas e, nesse caso específico de “falta de liberdade no trabalho” (salvo em situações de pobreza do trabalhador e necessidade do trabalho como literal sobrevivência), revela-se por detrás do véu uma falta de resignação de nós humanos e constante insatisfação com outras pessoas e situações adversas. Neste sentido, podemos afirmar que nos aproveitamos excessivamente das zonas de conforto e nos portamos, muitas vezes, como crianças imaturas;
    – na p. 251, na síntese sobre o último capítulo do livro, o autor escreve que “os países do centro (ou primeiro mundo) não têm mais interesse em produzir bens materiais, sobretudo os de baixo valor agregado, e transferem a produção para os países da semiperiferia”. Acredito que esta afirmação é radical de se fazer. Como o próprio autor assinala, vemos grandes empresas de países com economias centrais transferindo sua produção para países periféricos e semi periféricos, mas isso não acontece com empresas de pequeno e médio porte, que muitas vezes são predominantes na economia do país e não tem condições de expandir suas instalações em outros países.

    Sendo assim, o livro é ótimo, e apresenta noções básicas sobre o mundo globalizado, a divisão internacional do trabalho e a importância do trabalho como indutor do desenvolvimento humano, inclusive do desenvolvimento espiritual (minha opinião). Há temas que não foram abordados, como o sofrimento no trabalho e as consequências sociais dos acidentes de trabalho, que poderiam ter sido apresentados sucintamente. Há algumas obras com temas específicos da sociologia do trabalho em língua portuguesa no Brasil, mas poucas que abordem esta disciplina de maneira geral, como este livro.

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